Nada
aconteceu como eu esperava.
Planeei
tudo tão bem e afinal não consegui controlar a situação.
Éramos
amigos há mais de quinze anos. A nossa amizade era motivo de inveja
desde quando éramos putos. Fizemos todo o tipo de coisas que miúdos
reguilas fazem. Um dia, na casa da minha avó Maria, lembramo-nos de
ajudar a fazer o jantar. Convenci a minha avó que podia confiar em
nós. Fomos até ao galinheiro e, apesar do cheiro,conseguimos
prender a Joaquina com um fio ao pescoço, a galinha preferida mas
também a mais velha do galinheiro. Tentamos convencê-la que seria
melhor colaborar connosco e deitar o pescocinho no tronco de árvore
que havia no pátio. Mas infelizmente a Joaquina não quis ajudar na
preparação do jantar. A festa acabou quando a avó Maria apareceu na
janela aos berros:”CONDENADOS!”.
Gostávamos
das mesmas coisas e talvez por isso seguimos a mesma profissão:
jornalistas. Entre outras coisas gostávamos muito de escrever!.
Assim
que ele encontrou trabalho na nossa área, arranjou maneira de
sugerir o meu nome para ocupar o lugar mesmo ao lado da sua sala no
escritório.
Tudo
corria bem até eu sugerir que participássemos de um concurso de
jovens jornalistas. Conseguimos passar a primeira fase do concurso.
Estávamos muito animados! Contudo, o impensável aconteceu! Apenas
eu passei a segunda fase do concurso. Nós não queríamos
acreditar!Ele começou a rejeitar as minhas chamadas a responder-me
mal. Pediu-me que desistisse do concurso. Não achei justo mas fiquei
muito aflito. Afastamo-nos!
Hoje
ao chegar a casa vi que tinha duas cartas no correio. Uma dizia que
tinha conseguido o primeiro lugar no concurso de jovens jornalistas.
A outra era uma pequena mensagem do meu amigo que dizia:
Meu
grande amigo,
Não
estou bem! Não consigo pensar nem sentir como antes. O meu sofrimento
é imenso! Para mim é o fim! Mas não podia acabar com tudo sem
antes dizer o quanto és importante para mim e que não tens nada a
ver com a minha decisão. Tenho muito orgulho em ti .
Um
abraço,
João
Ao ler
estas palavras não podia deixar de me sentir culpado pois eu sei que
o sonho de ganharmos o primeiro prémio não era meu, mas sim nosso.
O texto vencedor já não fazia sentido. Por isso rasguei-o e resolvi
começar a divulgar a nossa grande história de amizade...
Diabo dos Bitoques
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