terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Olá pessoas, então era para mim publicar dia 26, mas como eu estava em um sitio que não havia internet, estou a publicar hoje.
Meu dia 26 foi muito bom, pois foi como a segunda parte do natal, estávamos toda a minha família reunida na fazenda da minha família, ficamos lá do dia 24 até ontem dia 29, e ja estamos nos preparando para passar a virada de ano no lago principal da cidade onde vivo, e lá vamos ver a queima de fogos de artifícios.
Estou muito triste, porque, hoje meu pai me disse que já não volto a Portugal, e isso me deixou mesmo triste. Mas ele me prometeu que em breve volto para visitar minhas amigas. Então é isso, tenham uma boa noite.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Uma Carta de Anjo para Anjo

Sintra, 29 de Dezembro de 2014

Querido Rodolfo,

Bem amigo, cá vai, não te escrevo há bastante tempo, não te lembro há uma eternidade e não te visito desde aquele dia. Sabes como sou, demoro o meu tempo a ultrapassar as coisas, mas no "nosso tempo" não era assim, tudo era fácil, tudo era colorido e alegre.

Lembro-me tão bem do dia em que te conheci, desde então eramos os "irmãos loirinhos", lembraste? Sempre de cabelo curto e com um sorriso lindo na cara, um de olhos verdes, outro de olhos azuis. Lembro-me de passear junto á praia de Santa Cruz, sabes a do Alemão? Essa mesmo. Lembro-me de ir a tua casa e dos dias na piscina, na vivenda dos teus pais, e de jogarmos á bola atrás da minha casa , tu adoravas o meu pai e a vovó Tina , a minha querida , a nossa querida . Recordo-me muito bem das brincadeiras à Playmobil , de sonhares em ser skater profissional e eu era o surfista , lembro-me de ouvirmos RedHot juntos , enquanto brincavamos , ou Eminem , dependendo do que dava na telha do Tio Jorge , entre essas coisas mínimas , lembro-me do cantinho a avó , lá na cozinha , mesa junto à parede e lanchavamos os três.

Desde cedo que tudo mudou , infelizmente , nunca vou esquecer aquela tarde , estávamos em tua casa , a brincar junto à piscina , os teus pais estavam lá dentro , de repente , o teu pai veio a correr ter connosco , levou-nos para fora da vivenda , e nós estávamos a ouvir as sirenes cá fora , o teu pai entrou contra a vontade dos bombeiros , foi o primeiro dia em que a vida se tornou realmente cinzenta , lembro-me das chamas , do brilho daquele fogo luminoso , e acredita quero esquecer .

Os teus pais morreram naquele dia , e nós choramos durante semanas , lembro-me que a tua avó te foi buscar passado 1 mês a minha casa , já estavas "melhor" , e lá estávamos nós agora no primeiro ano. E acredita maninho , eu fiz de tudo para te animar a ti e a mim , eu fiz tudo , e não consegui , passamos o Natal juntos , e apenas sorriamos porque as vovós estavam lá , a fazer tudo por nós , foi um Natal difícil , mas bom dentro dos possíveis , o meu pai mascarou-se de Pai Natal outra vez , e sabes , aquele homem sempre será o nosso herói.

Éramos pequenos , e ainda tínhamos tanto pela frente , claro que tudo haveria de passar , e o Tio Jorge e a Tia Lara (teus pais) estariam a olhar por nós.

O meu papá trabalhava muito , e passava pouco tempo em casa , mas o pouco que passava era comigo e contigo quando lá estavas , ele cuidou de ti como se fosses seu filho.

Em finais de Janeiro fomos para Lisboa , era dia 17 , a vovó Tina tinha o médico , e tu vieste connosco , ficamos na casa da titi Teresa , a vovó ficou lá e o meu papá veio-nos buscar , fui para a minha mãe passar o fim de semana , e mal sabia o que esperar quando chegasse. Nunca , mas mesmo nunca me vou esquecer de ver o circo , pedi à minha mamã para me levar e ela disse para eu pedir ao papá , assim o fiz , mas o papá estava a chorar , a vovó tinha morrido , a minha , a nossa .Não me é fácil ainda hoje lembrar-me sem chorar , e olha que não choro desde que te foste , eu vi-te no carro , eu vi , estavas no carro do meu papá e ele foi-te por a casa , nem tive tempo de te dizer nada , fui morar para o Alentejo.

Sabes tudo o que se passou lá pois contei-te no nosso último encontro , por isso não é preciso relembrar , que foram tempos de paz , e harmonia .

No 3º ano , fui morar com o meu pai , ele tinha passado a depressão e largado os maus hábitos que carregava desde os seus 19 anos , estava equilibrado , pedi para te ir visitar , e de imediato estávamos no carro a caminho.

Estavas tão diferente mano , lembro-me de falarmos por cartas , mas a certa altura já não respondias , esqueceste-te de mim e do nosso correio secreto ?(Acredita foi o que pensei , mas sei que apenas não ias lá pois a minha ausência roubava-te força).Eu percebo tudo , menos o que me disseste naquele dia , sabes , eu perdi mais que tu , eu perdi-te.

Sei que estás algures , mas também sabes que ninguém vai perceber o que aconteceu realmente , mas eu amo-te , eu amo-te muito meu irmão.

O teu suicídio foi algo que não ultrapasso ainda hoje , visitei-te no Verão passado , visitei a tua avó , ela está ainda com muita dor , mas de saúde está bem , perdeu o filho , a nora , e o neto , e forte é por se manter viva , não ultrapassa o facto de teres tomado os medicamentos o tio Flávio(uma quantidade enorme de droga) , e ainda hoje o culpa . Mas eu já não , tu próprio disseste , se ele tomasse tu irias aliviar toda a dor que ainda transportavas , e não tomas-te para o impedir de fazes seja o que foi , tomas-te para aliviar a dor , eu percebo-te .

Desde a ultima vez que te vi (vivo) , passaram três dias , e morreste .

Desde a ultima vez que te vi , tive dias horríveis , tive dias melhores , estive no psicólogo , enfrentei medos , deixei me ir abaixo com alguns , cresci , aprendi , conheci , ganhei amigos , perdi outros , mas a maioria nem provocou dor , pois a importância era mínima devido aos problemas de apego que ganhei , fiquei mais fraco por dentro e mais forte por fora , ganhei uma avó , a Dócilia e como te escrevi na ultima carta , ela morreu este ano . A vovó do Entroncamento a Mimi continua esquizofrénica , e eu vou visitá-la sozinho quando posso .

Tudo isto para te dizer que após a ultima carta (de suicídio) que te escrevi , desisti da ideia . a vovó tinha razão , eu fui e sou um Anjo , e simplesmente caí mas continuo a ser um , um Anjo Caído .Desisti da ideia pois ganhei motivação , conheci uma pessoa maravilhosa , uma amiga que me apoiou bastante , sabes , ela também é "loira" mas não a chames assim ela odeia , um dia apresento-te , aposto que gostarias de saber quem salvou o teu irmão , num tempo tão limitado ela fez um milagre , e agora , faltavam apenas 2 dias e escrevo-te esta carta.

Tenho saudades tuas.



Beijos Irmão , irei escrever em breve , e visitar-te também

Do teu irmão Anjo Caído Veridiano
 



domingo, 28 de dezembro de 2014

28 de dezembro de 2014

Querido diário, 
Hoje foi um dia muito interessante cá em casa , o natal já passou eis que vem uma nova preocupação , a preparação para a festa do final do ano.
A minha mãe sendo a pessoa mais responsável da casa organiza os preparativos para a festa, compra tudo o que é preciso para agradar os convidados, eu sou muito preguiçoso(a) , invento sempre qualquer coisa para poder desculpar-me para não fazer nada, mas por vezes não resulta .
  Na minha tradição cada ano ocupamos a casa de um membro da familia , este ano será a minha casa.  Isto implica ter poucas horas para dormir , cuidar das crianças que não conseguem estar quietos e ter que sorrir sempre , mesmo quando não estou com vontade nenhuma, para que os convidados se sintam bem recebidos.
Estou muito ansiosa pela chegada de um novo ano em que  todos esperam por um só momento com olhares radiantes e olhos postos nas luzes e os fogos de artifício a explodir no céu ,começo a imaginar como seria  bom ver aquele belíssimo espetáculo em as pessoas ficam com um sorriso estampado nos lábios, brilho de felicidade nos olhos enquanto aguardam a contagem dos últimos minutos para que este ano, dê seu lugar para o novo ano.  Um dos objetivos que quero ter para o próximo ano é ter sempre um pensamento positivo , "que tudo vai correr bem" .
Quero ter o prazer de passar um bom ano ao lado de quem mais gosto, e desejar a todos um , FELIZ ANO NOVO!

sábado, 27 de dezembro de 2014

Dia 25 de Dezembro.
Hoje é Natal, dia da família se reunir.  Ao meio dia, os meus tios e os meus primos vêm almoçar a minha casa. O nosso almoço vai ser peru assado com batatas, arroz e salada. Para o lanche temos salgados, marisco e os tradicionais doces de Natal, tais como rabanadas, sonhos, filhoses, entre outros...
Mais logo, vamos para a casa de uma outra tia ter com o resto da família, todos os anos é assim a partir de uma certa hora, aparecemos todos na casa dela para jantar, de forma a estarmos todos juntos a festejarmos o dia de Natal.
Neste momento são 22:30 e estamos arrumar tudo para que daqui a pouco possamos ir para casa da minha avó cantar-lhe os parabéns. Ela só faz anos dia 26 mas nós juntamo-nos todos no dia 25 para depois à meia noite cantarmos os parabéns a ela.
Já é meia noite, está na hora de apagar as velas e após as velas apagadas divertirmo-nos com a musica até ser hora de ir para casa. Foi um dia estupendo e espero que se repita por muitos mais anos.

CMSG
 

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

                                                                                       Natalolândia,25 de dezembro de 2014
 Querido Diário, 
      Hoje é dia de Natal,e como sempre a família está toda reunida em casa dos meus avós. Os meus primos gritam e pulam até que o avô os manda parar,mas cinco minutos depois estão,de novo a gritar. É normal são crianças. É a melhor fase da nossa vida,pois não temos de nos preocupar com nada,a única chatice que podemos ter é não sabermos com quem brincar. Enfim... A vida é assim. 
  Como é tradição na família, no dia de Natal juntarmo-nos todos em casa dos avôs,antes da hora do almoço para comermos o famoso puré da avó. Todos adoram o puré,pequenos grandes e graúdos. A seguir ao almoço,vem as sobremesas, que já são não são feitas pela avó,mas uma por cada pessoa,ou seja, cada filho leva uma sobremesa para que ninguem seja sobrecarregado. Nós costumamos levar uma sobremesa e um bolinho feito por nós, que já é famoso entre toda a família. O bolo de Natal,é normalmente feito por mim e pela minha mãe,por norma o bolo tem sempre um Pai Natal de massa de açúcar feito por nós, e como é óbvio este ano não fugiu à regra. Bem,já comi a sobremesa e o bolo,como sempre,estava óptimo. Chegou a hora de abrir o resto das prendinhas. 

                                                                                                                                     Mil e dois beijinhos

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Um desejo para a minha namorada

País da Tristeza, 24 de Dezembro 1917

Querido Pai Natal,

   É Véspera de Natal. E amanhã vai ser um dia muito triste para a Magda, a pessoa que eu mais amo. Todas as pessoas deviam receber presentes embrulhados em grandes ou pequenas caixas, sendo crianças, adolescentes, adultos ou até mesmo idosos. Mas a minha namorada Magda não abre um único presente, e é muito triste porque devido ao facto da família dela não gostar de mim, eu não posso passar o natal com ela para lhe dar algum. 
   Ela nunca tem motivo de felicidade nesta época do ano. Os avós dela não têm espírito natalício, apenas montam a mesa com os doces de Natal e ficam pelos doces, Não fazem nada mais. Ninguém abre presentes e geralmente, se ela recebe algum presente, é apenas 1 ou 2, nada de grandioso nem de bom agrado. O Natal em casa da minha namorada é passado no sofá ou na cama, como um dia normal de fim-de-semana ou de férias.
   Eu gostava muito de poder fazer alguma coisa por ela, e, sendo tu um alguém muito caridoso, podias-me conceder o desejo de passar o Natal ao lado dela, dar-lhe muitos presentes, beijos, abraços, e fazê-la sorrir? Ela não é má pessoa, ela merece ser feliz. Agradecia que fosse possível conceder esse desejo, ela e eu agradecíamos.

Com amor,
O Namorado da Magda

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014


[Música]
Aqueles que nos amam nunca nos deixam de verdade.
— Sirius Black
Sintra, 16 de fevereiro de 2012
Ana,

Não se supera a dor da perda e, como tal, não espero que superes a dor de perderes alguém tão importante como a avó. Eu própria também ainda não o fiz. Tenho passado os últimos dias com uma mágoa e um vazio que me preenchem constantemente. É difícil. Todos nós sabemos que sim. A mãe está devastada e até o pai se foi um bocado abaixo. Mas, de certa forma, temos aprendido a lidar com a ausência da avó, e até mesmo com a tua. Estares longe torna tudo muito mais difícil, acredita. Mas ninguém te julga. A vida continua e tu tens a oportunidade de concluíres o curso de que gostas. Por isso, longe ou não, fá-lo. Agarra essa oportunidade como sei que seria o desejo da avó.

Tenho-a visto, sabes? Ela está comigo em certas ocasiões. Quando estou sozinha e dou por mim a recordar muitos dos momentos que passámos ao lado dela, ela aparece, ao meu lado, a sorrir-me e a dar-me forças para continuar. A mãe não sabe, não acreditaria mesmo que lhe contasse. Nem eu acredito naquilo que vejo. Eu sei que são meras ilusões da minha cabeça, de forma a compensar a ausência que ela deixou em todos nós. Mas é que por vezes parece… Parece tão real, entendes? Ela está ali, eu sei que está. Ela nunca nos deixou de verdade. Onde quer que a avó esteja, está a olhar por nós, a proteger-nos de tudo o resto. Também acontece o mesmo contigo? Quero dizer, de alguma forma, também sentes a presença dela?

Todas as semanas vou à campa da avó colocar flores novas – orquídeas, iguais às que ela tinha no seu jardim. Aquele que morreu com ela. Eu e a mãe temos tentado. Sempre que podemos, vamos a casa da avó e tratamos do jardim dela. A tarefa, no entanto, não é tão simples quanto parece. Não está lá a avó, e não sendo a avó, nada é igual. Ela tratava do jardim com tanto amor, porque tudo aquilo era fruto do trabalho dela. O carinho com que semeava as flores era o mesmo que mais tarde colhia ao vê-las brotar. E, agora, é como se também o jardim estivesse de luto pela morte dela. Mas nós vamos tentar, prometo que sim, mal regresses a casa vamos as três tentar fazer com que o jardim da avó continue alegre e cheio de vida.

Sorri, Ana. A avó queria que todos nós sorríssemos. Sê feliz e aproveita a vida da melhor forma possível. E vai dando notícias também! Todos temos imensas saudades tuas.

Da tua irmã que te adora,



sábado, 20 de dezembro de 2014

Até me juntar a ti...

     É véspera de natal e cá estou eu sentada num banco do jardim onde nos conhecemos… Faço o mesmo há cinco anos, todas as semanas desde o dia que faleceste, dia 24 de dezembro. Sempre que cá venho lembro-me da nossa história porque para além das nossas filhas, netos e bisnetos, é tudo o que me resta de ti…
    As nossas famílias sempre foram amigas, conheci-te quando tínhamos onze anos, neste parque onde eu estou sentada, eras um rapazinho engraçado e bonito, pensei eu na altura. As nossas famílias foram ficando cada vez mais próximas e juntavam-se mais vezes, mas nós não nos importávamos e à medida que os anos passavam fomo-nos tornando cada vez mais próximos. Éramos muito amigos, falávamos sobre tudo um com o outro, era tão fácil falar contigo talvez por sermos tão parecidos, gostávamos dos mesmos livros, das mesmas músicas, dos mesmos filmes e até o nosso sentido de humor era parecido…
     Com o passar dos anos comecei a apaixonar-me por ti. Era uma miúda bastante tímida no que tocava a rapazes e por isso não era capaz de te dizer o que sentia por ti
    Aos meus dezoito anos, os meus pais foram fazer uma viagem às Caraíbas para celebrar os seus trinta anos de casamento. No dia do seu regresso eu tinha passado o dia a limpar e a deixar a casa bonita, tinha até feito um bolo e pendurado uma grande faixa que dizia “bem-vindos a casa”. Quando ouvi a campainha corri para a porta, arranjei o vestido, e abri-a com um grande sorriso… Mas para minha surpresa não eram os meus pais mas sim os teus com um olhar muito triste, o teu pai desviou-se e vi que também lá estavas com lágrimas nos olhos, foi quando percebi que algo não estava bem. A tua mãe disse que o avião tinha tido um problema e que se tinha despenhado, não havia sobreviventes… Tudo se estilhaçou em mil pedaços como se eu fosse um pedaço de vidro a cair de um prédio de muitos andares. Não conseguia acreditar no que estava a acontecer, a tua mãe deu-me um abraço mas eu não me conseguia mexer. Eu era filha única e os meus pais pouco falavam com os meus avós e tios, por isso, estava sozinha não tinha ninguém… Quando a tua mãe me largou eu só lhe disse que precisava de estar sozinha, ela disse iria estar ali sempre para mim, que eu era como uma filha para ela e que no dia seguinte me viria buscar para o funeral. Os teus pais dirigiram-se para a porta mas tu ficaste para trás, via- -se que não sabias o que dizer ou fazer, consegui perceber que já tinhas chorado, olhaste para mim só disseste “lamento imenso”, não fui capaz de responder, a tua mãe chamou-  -te e disseram “até amanhã” fechando a porta atrás de si… Durante a noite fiquei apenas a pensar, e lembrei-me de uma frase “se ninguém no mundo se importa contigo, será que existirás mesmo?”. Na manhã seguinte lá estavam os teus pais à hora marcada. Seguimos em silêncio para a igreja e quando o padre começou a falar comecei a tremer e a ficar com a respiração ofegante, foi quando senti a tua mão na minha, os teus dedos a entrelaçarem-se nos meus e senti-me mais calma. Seguimos para o crematório, ainda não tinha dito uma palavra o dia todo, nem uma única lágrima tinha derramado dos meus olhos pela morte dos meus pais. Quando os caixões se aproximaram do forno é que me apercebi, os meus pais estavam mortos, estava sozinha, não tinha ninguém… Caí de joelhos no chão, dei um grito e finalmente comecei a chorar. Baixaste-te e agarraste-me pois parecia que eu não conseguia suportar o peso do meu próprio corpo e fiquei a chorar contra o teu peito até que todos se foram embora… Levaste-me a casa e disseste que ias ficar ali comigo o tempo que fosse preciso…
     Passou-se uma semana sem que eu dissesse grande coisa, apenas chorava e só comia porque tu me obrigavas. Mas tu não te foste embora e ficaste aquele tempo todo comigo. Passado uma semana virei-me para ti ainda a chorar e disse-te que estava sozinha e que não tinha ninguém. Tu simplesmente olhaste para mim e disseste que isso era mentira, que estavas lá e que não ias a lado nenhum… foi quando me beijaste.
      Apesar do nosso primeiro beijo ter sido nestas circunstâncias, foi maravilhoso...
    Passados dois anos de namoro pediste-me em casamento. O casamento foi lindo e perfeito.
      Tivemos duas filhas e cada uma delas nos deu dois netos, que por sua vez nos deram seis bisnetos.
      Deste-me tudo o que alguém poderia querer, uma vida de alegrias e felicidades. Estou extremamente grata por tudo e adorei todos os momentos passados ao teu lado.
     Faleceste com noventa e dois anos, na véspera de Natal, há cinco anos atrás e recordo agora com ternura e saudade a nossa história neste banco de jardim, até me juntar a ti…


Lena

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Álvaro Sobrinho


Álvaro Sobrinho

Álvaro Madaleno de Oliveira Sobrinho, conhecido por Álvaro Sobrinho , nasceu no seio de uma família tradicional em Luanda-Angola no ano de 1962.

Tem dois irmãos é filho de Carlos Madaleno, fiscal de mercados da Câmara Municipal de Luanda-Angola.

Com a independência de Angola, a 11 de Novembro de 1975 o pai ficou com uma pastelaria no antigo mercado do kinaxixi, a principal fonte de receita da família.

Licenciou-se pela faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. No curso de Matemática e fez pós-graduação na área de Analise e Estatística.

Começou a vida profissional na companhia de seguros 'Mundial Confiança' e depois passou para o Banco Espírito Santo (BES), como operacional.

Mais tarde foi convidado por Ricardo Salgado para ser Presidente Executivo do 'Banco Espírito Santo Angola' (BESA).

No dia 18 dezembro de 2014, foi ouvido durante 7 horas na audição da comissão de auditoria sobre factos no BESA.

Foi presidente do BESA entre 2002/2012, auferindo rendimentos entre 54 000€ a 150 000€/mês e depois foi despedido.

Há suspeita de branquiamento de capitais e enriquecimento elicito, entre Angola e Portugal. Ele defedeu-se com os argumentos de que a contabilidade Angolana é muito diferente da Portuguesa. E as garantias bancarias em Angola são totalmente diferentes das internacionais.

Sabe-se que em Portugal é proprietario dos jornais “i” e “sol”. Possui posição de 29,8% da SAD do Sporting. Detém a marca 'Bom Petisco', e seis apartamentos no condomínio de luxo Estoril Sol, isto só em Portugal.

Atualmente é casado com Ana e tem dois filhos.


Referencias: 


quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Era a véspera de Natal, sim, o dia em que as crianças ficam muito alegres e esperam impacientes para abrir os presentes. As famílias preparam o peru  para assar, o bacalhau para cozer com os legumes e cantam músicas de Natal, mas a minha família  não era assim.    
Naquela altura a nossa casa situava-se num bairro muito pobre, onde não existia o natal.
Natal para nós era um dia qualquer e muito aborrecido... pois recebiamos sempre a mesma coisa: dois pares de meia feitos com muito amor pela minha mãe e setenta e cinco tostões  que eu gastava para comprar comida para os meus irmãos.
À meia-noite, ceavamos.Era uma mesa muito pobre.Havia uma perna de peru assada na lenha, uns bocados de pão e para beber tinha água,não era a melhor mesa que existia, mas,o que importava era a intensão.
Passado cinco dias a minha mãe adoeceu, apanhou a febre amarela o qual não resistiu. Foi horrível! Para piorar, o nosso pai  abandonou-nos e passamos muita fome.    Tudo estava contra nós,parecia que Deus queria castigar-nos. Eu não desejaria a infância que tive a ninguém. A vida é mesmo assim e no meio de coisas ruins, pode sempre surgir algo bom.
Hoje, sou uma mulher  rica e bondosa mas, o dinheiro não é tudo na vida,o que importa é ter saúde e ter os nossos familiares por perto.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014



Flandres, 18 de Dezembro 1917

Querida, 

Espero que recebas esta carta a tempo do Natal, de momento, o facto de estar vivo é a única prenda que te posso oferecer. Lamento só te poder dar este pedaço de papel, lamento ter-te deixado sozinha em Portugal com um recém-nascido e sem rendimento. Mais do que tudo, lamento não te poder abraçar.
Gostava de te poder reconfortar com esta carta, dizer que em breve estarei em casa, vivo e de saúde. Porém, meu amor, já não sei se estou vivo, já não sei se sou humano. Tu és o que me faz agarrar ao que resta da minha sanidade. Preciso desesperadamente de me confessar, preciso desesperadamente de me livrar dos fantasmas que me acordam a meio da noite. Meu anjo, se há algo que aprendi, é que durante a guerra Deus fecha os olhos. Por isso, restas-me tu. Nesta carta, segue a minha confissão. Que a tua atenção e a partilha deste fardo seja a minha prenda de Natal.
As trincheiras não são um pesadelo, não são o Inferno, são o Purgatório. Porquê? O que fizemos para merecer isto? As caras dos homens que matei estão gravadas na minha cabeça. Não sei como conseguirei voltar a casa, à minha vida normal. Sinto-me danificado. Depois de viver num mundo animalesco, como poderei voltar à civilização?
Tenho medo. Tenho medo de não morrer. Sou um ser egoísta, bem sei. No entanto, não sei como viver com tudo o que fiz e tudo o que vi. Habituei-me a esta sinfonia de bombas, tiros e últimos suspiros. Ah! Como contrasta com o som melodioso da tua gargalhada. A memória do teu sorriso, dos teus olhos, do teu cheiro é o que me faz continuar a lutar e me impede de tirar a minha própria vida.
Meu amor, perdoa-me por todos os meus pecados. Perdoa-me por já não ser o homem por quem te apaixonaste. Imploro-te para que compreendas os desvaneios de um homem louco que leste nesta carta. Reza por mim.

Com amor,
            o teu marido que precisa de ti desesperadamente