quinta-feira, 27 de novembro de 2014

  Querida Amélia,

  Peço desculpa de só te escrever agora,sei que deveria ter-te escrito há dois dias.
Mas como sabes,não tem sido fácil estar longe de todos vocês,as saudades são imensas.    Infelizmente este Natal não poderei estar presente,minha irmã.Pois,surgiu uma nova oportunidade de trabalho. Dentro de dias partirei para África,pois atingi o meu grande objectivo, trabalhar nos médicos sem fronteiras. Tu sabes o quanto eu desejava isto,sempre foi o meu grande objectivo de vida,poder salvar vidas e ajudar aqueles que mais precisam. Espero que compreendam, a minha ausência neste Natal.
 Já agora como está a Tininha? O bebé já nasceu? Adorava estar aí neste momento tão importante da vida da nossa irmã para a poder acompanhar e celebrar o inicio da vida da minha tão desejada e amada sobrinha.
 Assim me despeço, com mil e dois beijinhos recheados de saudades,
                                                                                                      
   A irmã que te ama,
                      Pequena Cor de Rosa.

P.S: Não te zangues comigo por não ter escrito há dois dias atrás. Amo-te.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

  Todos os dias eu acordo e penso que estar em Portugal é apenas um sonho, mas logo volto para realidade e vejo que na verdade estou em Portugal, e me pergunto todos os dias: "Como aconteceu tão rápido, dias atrás estava em outro sitio e agora estou cá?", "Por que isto tinha que acontecer?", "Será que devo mesmo ficar aqui?", e perguntas do género vêem na minha cabeça, perguntas sem respostas, as vezes as situações tornam-se muito difíceis que até penso em desistir de tudo, mas sempre vejo "uma luz no fim do túnel", pessoas ou melhor, anjos que surgem do nada para nos dizer palavras que realmente precisávamos ouvir, e essas palavras nos confortam e percebemos que nem tudo está perdido, que se nos lutarmos com todas as forças vamos conseguir.
  As vezes a saudade do meu pai, das minhas amigas e de tudo como era antes vem tão forte que é impossível de segurar as lágrimas. Eu quero ser como era antes, a verdadeira pessoa que era antes, sinto que ainda não conseguir ser realmente quem sou nessa nova etapa. Continuarei a esforçar-me, porque é com os erros que se aprende. As vezes só o que precisamos e de um abraço.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Adolescente

Sinto-me como se tivesse 20 anos, embora só tenha 15. Já vejo o mundo com olhos de ver, não me fascina a ideia de ir à escola em busca de conhecimentos que sei que no futuro irei precisar mas nego-os como se fossem verduras. Também não me conformo com a ideia de receber ordens, ter responsabilidades, obrigações. Não gosto. Apenas vivo bem com isso, e cumpro.
De mim? Não há muito para saber. Não sei o que é um sorriso no dia-a-dia, não sei o que é uma lágrima. Só conheço a recta dos meus lábios secos e serrados à espera de um beijo, de um toque da pessoa que amo para me despertar um sorriso. 
A pessoa que amo também não tem uma vida fácil. O que complica ainda mais conseguir obter a disponibilidade de receber esses carinhos. Longe desse beijo, desse toque, serei sempre apenas um rapaz que pensam ser alegre devido ao comportamento infantil em momentos de grande euforia entre as pessoas presentes. Mas na verdade, dentro de mim acumula-se um grande ódio, frieza e uma ignorância que escondo atrás desse comportamento infantil. Eu no fundo sei que não sou bem como demonstro ser, mas demonstro tanta infantilidade que as pessoas já olham para mim como se eu fosse um representante de palhaço feliz e sem vida.
Infelizmente, a minha vida tem de tudo, menos felicidade. Não tenho liberdade, não posso sair depois das aulas. Controlam tudo o que faço e desconfiam quando peço algo. Sou praticamente um palhaço com uma pintura de um sorriso que quando acaba o espectáculo, ou seja, o dia, chega a casa e lava essa pintura com as palavras frias dos pais que, cansados do trabalho, descarregam na minha falsa pintura. Enfim, sou um sorriso falsificado. 

Dominado

  Passaram 4 anos desde que esta ''personagem'' tomou conta da minha existência. Ao pricipio... Ao principio pensava que conseguia controlar os seus impulsos, mas tornaram-se cada vez mais fortes, tao fortes, que acabou por apagar por completo o meu verdadeiro eu. Às vezes tento recordar-me de algo que se tenha passado antes deste ''colapso'' mas parece que as memórias desapareceram com a minha pessoa. Eu chamo-lhe um alter-ego, para aqueles que não sabem a sua definiçao, basicamente é uma segunda personalidade que existe dentro de nós, mas penso que isto vai mais além, acho que passei a ser o alter-ego de mim próprio, parece confuso eu sei, mas é a realidade.
  Ao longo destes 4 anos foi tomando conta da minha vida, provavelmente sem ele, não teria conhecido muitas das pessoas com quem me dou hoje, também não teria chumbado. Arrajei nome para esta personalidade, e esse nome, digamos que foi Enzo, um nome pouco comum no nosso país mas que eu acho estremamente intressante, descobri-o pelo meu pai, era como os amigos dele o tratavam na minha idade, e ainda tratam.
  As pessoas que conheci, eu  não sei, se o alter-ego  desaparecer, tudo permanecerá igual? O que me resta deste tempo são as vastas memórias que Enzo viveu e em que eu estive presente mas como espectador, depois disto tudo, penso que ninguém se lembra do meu "eu" anterior, nem mesmo eu.
  A minha relação com esta personagem, pode se dizer que é de simbiose, mas uma simbiose estranha, ele usa o meu corpo para se manter vivo, mas ao mesmo tempo faz com que eu morra, dentro da minha própria pele, a qual é dele agora.
  Ele procura vingança, provavelmente de quem o evocou, mas será que é só isso? É quase como ter uma segunda cabeça a sussurar-nos os seus pensamentos, estranho deveras, até nos habituar-mos.
  Só espero um dia ser eu a vingar me dele...

sábado, 22 de novembro de 2014


«Nada é belo senão o verdadeiro: só o verdadeiro é amável.»
Nicolas Boileau
22 de Novembro de 2014
Querido diário,

Talvez seja defeito meu, reconheço, observar demasiado. Sou demasiado atenta e costumo gostar disso. Mas nem sempre aquilo que observamos é bonito de se ver, não é verdade? E ultimamente tudo o que tenho visto é uma sociedade amargurada, rude e sem esperança. As pessoas estão demasiado sisudas. A vida está dada por vencida. Ser feliz deixou de ser uma prioridade. Vivemos num mundo de desconfiança. Já não existem mais aqueles largos sorrisos como quem diz bom dia dados à vizinha do lado ou ao senhor da mercearia por quem passamos todos os dias. A simpatia em demasia é agora vista como um motivo para se duvidar, já ninguém pode ser amável só porque sim. Há dias, por exemplo, um rapaz falou para as pessoas que estavam ao seu lado no comboio com uma boa-disposição que chegava a ser contagiante. Ninguém lhe respondeu. Recebeu apenas arrogância e expressões de impaciência como resposta. O mundo cansou-se de sorrir? Ser amável é algo assim tão aborrecido?
E eu? Serei eu excessivamente ingénua ao ponto de acreditar que ainda existem pessoas boas? Pessoas sem uma segunda-intenção naquilo que fazem, pessoas que se oferecem para ajudar sem esperar receber algo em troca, pessoas bondosas, atenciosas, genuínas... Serei eu a única a acreditar que elas existem? O mundo não é cor-de-rosa como fazem crer às crianças, mas também não é tão negro como imaginamos. Nós é que estamos tão agarrados às nossas angústias que desistimos de ver mais além, de ver como a vida é maravilhosa e como existem pessoas maravilhosas talvez bem mais perto do que pensamos.
Ingénua ou não, eu acredito em palavras verdadeiras, em olhares puros e sorrisos sinceros. E eu já encontrei pessoas suficientes para me provarem que é possível ter-se tudo isso e demonstram-no todos os dias. E enquanto elas continuarem lá, eu não me importo de ser eternamente ingénua.
A vida é muito mais do que simplesmente existir e recuso-me a conformar-me apenas com isso. Lá porque a maioria das pessoas desistiu de ser feliz, não quer dizer que tenha de fazer o mesmo. A vida é o que fazemos dela e eu, levando comigo as palavras, os olhares e os sorrisos genuínos, farei da minha uma vida feliz.


sexta-feira, 21 de novembro de 2014

November 21st, 2014

Folha Perdida do Diário de AVC                                                                                                      2014

                                                             “Está escuro , onde estou ? “
  São 8:00 da manhã , para variar estou atrasado , tenho que me apressar para ir para a escola , não quero que o ciclo se repita.Isso, não.
  Acho que não vou já para a escola, vou parar pelo parque, tenho saudades disto, vou-me sentar no baloiço e escrever, desenhar, preencher espaço.
  Ainda não me conformei com o facto de já não estares aqui, de já não ter aqui, mais alguém, mas nesta manhã de novembro, vou-me dedicar a ver os miúdos com as avós coisa que me deixa bastante nostálgico, mas isso é bom, é como se fizesse um resgate a estas memórias tuas, que se tornam mais fracas a cada dia que passa.Não vás, pelo menos ainda.
   
  Estou confuso com os factos da vida que se encontram agora no meu caminho, caminho que cada vez tem mais sub-caminhos, mais desvios, e já nem sei onde vai parar, pior, não sei onde quero ir, tenho perdido esta capacidade, a capacidade de escrever, não sei, talvez seja uma fase . O caderno anda vazio, pouco passo, pouco oiço e pouco me interesso, mas porquê ? Eu só não quero que o ciclo se repita.
  Acho que ainda não está tudo perdido, consegui-te recordar, consegui avó.
  Queria ter conhecido a mãe e o pai, melhor.Já lá vão quase 14 anos desde que fui adoptado, e quem sou eu? E porque sou diferente? Tenho medo.
  Apenas uma coisa me motiva, aquele sorriso, aqueles olhos, aposto que são os olhos.Só podem ser eles que me deixam assim, com vontade de viver .
  Acordei na relva pela 5ª vez este mês, acho que passo aqui mais tempo do que qualquer outra pessoa. Está a chover, o caderno está molhado e não sei bem como a minha perna piorou, só pode ter sido durante o sono .Tenho medo. 
  As asas já se notam, tenho medo de ser descoberto, não posso deitar tudo a perder, tenho de encontrá-la.Tenho que esconder as asas.

                                            “Está escuro , e vou continuar a tentar descobrir onde estou. “ 
                                                                                  Anjo Veridiano Caído


            Em tempos tive alguém especial, alguém com que podia contar; sentia que podia confiar nele… Esse alguém era o meu melhor amigo. Mas como nada dura para sempre, essa felicidade também acabou.
            Toda a gente precisa de pilares e quando eles desabam, às vezes o melhor é partir, e foi o que eu fiz, parti e deixei tudo para trás.
            Admito que não foi fácil; deixei amigos e pessoas que conhecia há muito tempo. Perdi o seu apoio, o seu carinho e a sua compreensão mas não me arrependo, porque o conheci.
            Quando nos conhecemos, ele era apenas um rapaz divertido, mas a minha opinião rapidamente mudou. Éramos muito parecidos talvez por isso tenha sido tão fácil conhecê-lo.
            Ele não demonstrava quando estava triste, tentava usar sempre o humor para disfarçar; era querido e simpático, mas tinha medos, tantos como eu, tinha medo de falhar, de não ser aceite… Nunca o tinha visto chorar, só mesmo no fim…
            A nossa amizade foi crescendo e éramos cada vez mais importantes um para o outro, já sabíamos o que o outro estava a pensar mesmo sem o dizer, ríamos em simultâneo. Ainda me lembro do dia em que ele me disse que eu era a sua melhor amiga, foi a melhor coisa que já ouvi.
            Estivemos assim uns anos, mais felizes era impossível. Mas alguém tinha de se me meter e estragar tudo…
            Comecei a senti-lo a afastar-se de mim, mas não fiz nada, nem sei bem porquê, talvez por não acreditar ou não querer encarar a situação.
            Mas o inevitável aconteceu: discutimos, gritámos um com o outro, dissemos coisas que não queríamos…
            Não devia ter dito o que disse… Ele começou a chorar (pela primeira vez à minha frente), não disse mais nada e simplesmente começou a correr e eu fui atrás dele.
            Ele era muito mais rápido do que eu, mas, mesmo assim, estava quase a apanhá-lo. De repente foi para a estrada, e um camião passa. Ele foi atropelado apenas a alguns metros de mim sem que eu pudesse fazer nada para impedi-lo.
            Esteve dois meses em coma, mas foi-lhe declarado morte cerebral. Ontem desligaram as máquinas… Acho que eu também morri naquele momento…
            Não imagino um mundo sem ele. Não consigo perdoar-me a mim própria pois agora ele nunca o irá fazer. Passei todos os dias junto da sua cama a pedir desculpa, na esperança que ele me conseguisse ouvir e perdoasse de alguma maneira.
            Acho que o tempo se está a esgotar, por isso, peço desculpa por todo o transtorno e sofrimento que vou causar, mas a culpa é demasiado grande para eu conseguir viver com ela, não se preocupem, porque de certa maneira, neste momento estou feliz, o meu sofrimento está quase a acabar, por isso, sim, pode dizer-se que estou feliz…
            Não sei se acredito na vida depois da morte, mas sei, que vou acabar por estar com ele. Acho que alguém está aqui comigo, porque sinto paz e compreensão, por isso, espero que seja ele… Em breve estaremos juntos…
Desculpem
                                                                                                                               Lena

            

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Palestra de linces


Assunto: Convite palestra de Linces

Data: 19 novembro de 2014

 

Exmºs Senhores

 Investigadores Véronique e equipa.

Espero encontrar-vos  bem.

Eu simplesmente adorei a vossa pesquisa sobre os linces. É espantosa!

Acho que está muito bem explicado o assunto sobre a caça dos linces, a forma como guardam os alimentos, o primeiro encontro de acasalamento dos linces, e a probabilidade de sucesso da caça consoante a distancia à presa. Assim como os movimentos sazonais dos itinerários de locais para locais, à busca de alimentos.

Mas o que gostei mais foi a natureza dos afetos entre as crias e a progenitora, quando a mãe ensina as crias a caçar e a se protegerem.

E faço saber que vou apresentar a minha palestra sobre os ‘linces’, no próximo domingo as 18:30h na universidade de Ciências em Lisboa.

Teria o maior gosto de vos poder ter presentes na minha palestra, como convidados de honra. Onde poderiam falar sobre a vossa experiencia no habita-te dos linces num breve discurso de 15 minutos.

Fico aguardar a vossa confirmação de presença pelo endereço ou por telefone.

Caso queiram levantar alguma questão, estarei ao vosso inteiro dispor para esclarecer dúvidas.

Grato por toda a atenção dispensada, aguardo expectante a vossa presença.

 

Com os melhores cumprimentos

Senhor Imergência

 
Joana, 18 de Novembro de 2014

Escrevo-te esta carta para saber como estás e para desabafar contigo.

Ontem não consegui falar contigo porque estava muito deprimida!
Para começar não dormi nada bem.
O objetivo de descobrir quem é a minha verdadeira mãe tornou-se cada vez mais difícil, pois a verdade muitas vezes não é como nós queremos. Ontem fui ao orfanato onde tinha sido encontrada e disseram -me coisas terríveis a respeito da minha mãe biológica. Disseram-me que ela era uma mulher muito rica e que gastava bastante dinheiro em bebidas alcoólicas e tabaco.
Ela deixou-me a porta do orfanato numa noite fria e escura, quando tinha apenas 1 ano de idade, pois ela não queria ter filhos. A minha sorte foi que a pessoa encarregue de despejar todos os dias o lixo, encontrou-me e entregou-me aos cuidados do orfanato. Hoje agradeço imenso a Deus por ele ter-me encontrado.
Vou parar de procura-la,  pois durante este tempo todo tive uma mãe que me adotou e que apesar de não termos o mesmo sangue ela deu-me muito amor e carinho em todos os momentos da minha vida. Graças a ela tornei-me uma mulher madura e responsável.
Hoje, depois da luta para encontrar a minha mãe biológica, olho para trás e vejo que afinal a minha verdadeira mãe esteve sempre do meu lado. Aprendi que mãe é aquela que nos cria com cuidado e carinho, dá amor e felicidade e principalmente ensina-nos a ser pessoas cada vez melhores.

um beijo da tua amiga kiara.




segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Primeiro Amor





Era uma manhã fria de Novembro, as nuvens prometiam um dia de tempestade, porém não chovia, como se elas soubessem que tinham o trunfo e se divertissem a ameaçar. Também era Domingo. Eu planeava passar o dia em casa, entre cobertores quentinhos e chocolate quente. Oh! Como ansiava por um dia de preguiça sem culpa. O que mais faria num dia frio de Outono? Felizmente, os meus deliciosos planos não se realizaram.
Estava eu no sofá, quando os meus pais me aliciaram a sair de casa, com a promessa de uma ida ao centro comercial. Fui resiliente. Não queria, não queria, não queria. Sair do conforto da minha casa, ter de tirar o pijama, para quê? Para ir a um local barulhento com dezenas de pessoas a fazerem as primeiras compras de Natal enquanto fugiam da chuva? Por fim, acabei por me resignar.   
O centro comercial estava exactamente como eu tinha previsto: uma enorme confusão. Os meus pais foram fazer compras e eu aproveitei para me escapulir para a loja que eu sabia que estaria mais vazia.   
 Tirando um ou outro cliente de passagem, a livraria estava deserta. Acho que faz parte do seu encanto, o silêncio, o vazio, a solidão. Como qualquer amante de livros, passei os dedos pelas lombadas, li contracapas, até que parei. Fiquei hipnotizada por um livro, “Rubi”, dizia a capa. E que capa era esta. Diz-se que não se deve julgar um livro pela capa, todavia a verdade é que a capa faz tanto parte do livro como as palavras que o constituem. A capa é a porta que nos convida a entrar. Peguei no livro cuidadosamente e inspecionei-o. A autora era Kerstin Gier, era alemã. A contracapa prometia uma premissa cheia de acção com viagens no tempo e, um romance a acompanhar.  Olhei para cima, encontrava-se na secção de jovens. Na altura tinha 10 anos. Até então, tinha-me limitado à secção infantil, onde os livros narravam as aventuras de fadas e outras criaturas fantásticas,as  letras eram grandes e diversas ilustrações preenchiam as páginas.  A secção juvenil era território proibido.
Reli a contracapa. Pousei o livro. Saí da livraria.
Porém, voltei acompanhada. Mais tarde, no conforto do meu quarto, peguei no livro com cuidado, como se o feitiço pudesse ser quebrado. Comecei a ler, e não parei. Li matreiramente até de madrugada. Li até o acabar. Todas as suas 300 páginas. O que na altura, era o meu maior feito. O livro era exactamente o que prometera, cheio de acção e um complexo sistema de viagens no tempo, que ainda hoje não compreendo totalmente. Contudo, o que me marcou foi o romance. Anos mais tarde, li algures a seguinte citação “Estou apaixonado pela ideia de estar apaixonado”, não encontro melhores palavras para descrever o que este livro me fez sentir.
O livro era perfeito? Não. Talvez, se o protagonista fosse um grande clássico, este conto, de um dia há muito passado, seria mais mítico, grandioso e marcante. Desde então, já li imensos livros, de todos os géneros, desde a uma fase obscura paranormal, que hoje lamento imenso, até romances clássicos. Contudo, não me arrependo de o ter lido. Porque talvez seja assim que os primeiros amores devam ser, cheios de falhas, imperfeitos, uma história acabada que continuará nas nossas memórias e nos marcará para sempre.


 Jasmim