segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Adolescente

Sinto-me como se tivesse 20 anos, embora só tenha 15. Já vejo o mundo com olhos de ver, não me fascina a ideia de ir à escola em busca de conhecimentos que sei que no futuro irei precisar mas nego-os como se fossem verduras. Também não me conformo com a ideia de receber ordens, ter responsabilidades, obrigações. Não gosto. Apenas vivo bem com isso, e cumpro.
De mim? Não há muito para saber. Não sei o que é um sorriso no dia-a-dia, não sei o que é uma lágrima. Só conheço a recta dos meus lábios secos e serrados à espera de um beijo, de um toque da pessoa que amo para me despertar um sorriso. 
A pessoa que amo também não tem uma vida fácil. O que complica ainda mais conseguir obter a disponibilidade de receber esses carinhos. Longe desse beijo, desse toque, serei sempre apenas um rapaz que pensam ser alegre devido ao comportamento infantil em momentos de grande euforia entre as pessoas presentes. Mas na verdade, dentro de mim acumula-se um grande ódio, frieza e uma ignorância que escondo atrás desse comportamento infantil. Eu no fundo sei que não sou bem como demonstro ser, mas demonstro tanta infantilidade que as pessoas já olham para mim como se eu fosse um representante de palhaço feliz e sem vida.
Infelizmente, a minha vida tem de tudo, menos felicidade. Não tenho liberdade, não posso sair depois das aulas. Controlam tudo o que faço e desconfiam quando peço algo. Sou praticamente um palhaço com uma pintura de um sorriso que quando acaba o espectáculo, ou seja, o dia, chega a casa e lava essa pintura com as palavras frias dos pais que, cansados do trabalho, descarregam na minha falsa pintura. Enfim, sou um sorriso falsificado. 

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