sábado, 22 de novembro de 2014


«Nada é belo senão o verdadeiro: só o verdadeiro é amável.»
Nicolas Boileau
22 de Novembro de 2014
Querido diário,

Talvez seja defeito meu, reconheço, observar demasiado. Sou demasiado atenta e costumo gostar disso. Mas nem sempre aquilo que observamos é bonito de se ver, não é verdade? E ultimamente tudo o que tenho visto é uma sociedade amargurada, rude e sem esperança. As pessoas estão demasiado sisudas. A vida está dada por vencida. Ser feliz deixou de ser uma prioridade. Vivemos num mundo de desconfiança. Já não existem mais aqueles largos sorrisos como quem diz bom dia dados à vizinha do lado ou ao senhor da mercearia por quem passamos todos os dias. A simpatia em demasia é agora vista como um motivo para se duvidar, já ninguém pode ser amável só porque sim. Há dias, por exemplo, um rapaz falou para as pessoas que estavam ao seu lado no comboio com uma boa-disposição que chegava a ser contagiante. Ninguém lhe respondeu. Recebeu apenas arrogância e expressões de impaciência como resposta. O mundo cansou-se de sorrir? Ser amável é algo assim tão aborrecido?
E eu? Serei eu excessivamente ingénua ao ponto de acreditar que ainda existem pessoas boas? Pessoas sem uma segunda-intenção naquilo que fazem, pessoas que se oferecem para ajudar sem esperar receber algo em troca, pessoas bondosas, atenciosas, genuínas... Serei eu a única a acreditar que elas existem? O mundo não é cor-de-rosa como fazem crer às crianças, mas também não é tão negro como imaginamos. Nós é que estamos tão agarrados às nossas angústias que desistimos de ver mais além, de ver como a vida é maravilhosa e como existem pessoas maravilhosas talvez bem mais perto do que pensamos.
Ingénua ou não, eu acredito em palavras verdadeiras, em olhares puros e sorrisos sinceros. E eu já encontrei pessoas suficientes para me provarem que é possível ter-se tudo isso e demonstram-no todos os dias. E enquanto elas continuarem lá, eu não me importo de ser eternamente ingénua.
A vida é muito mais do que simplesmente existir e recuso-me a conformar-me apenas com isso. Lá porque a maioria das pessoas desistiu de ser feliz, não quer dizer que tenha de fazer o mesmo. A vida é o que fazemos dela e eu, levando comigo as palavras, os olhares e os sorrisos genuínos, farei da minha uma vida feliz.


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