segunda-feira, 22 de dezembro de 2014


[Música]
Aqueles que nos amam nunca nos deixam de verdade.
— Sirius Black
Sintra, 16 de fevereiro de 2012
Ana,

Não se supera a dor da perda e, como tal, não espero que superes a dor de perderes alguém tão importante como a avó. Eu própria também ainda não o fiz. Tenho passado os últimos dias com uma mágoa e um vazio que me preenchem constantemente. É difícil. Todos nós sabemos que sim. A mãe está devastada e até o pai se foi um bocado abaixo. Mas, de certa forma, temos aprendido a lidar com a ausência da avó, e até mesmo com a tua. Estares longe torna tudo muito mais difícil, acredita. Mas ninguém te julga. A vida continua e tu tens a oportunidade de concluíres o curso de que gostas. Por isso, longe ou não, fá-lo. Agarra essa oportunidade como sei que seria o desejo da avó.

Tenho-a visto, sabes? Ela está comigo em certas ocasiões. Quando estou sozinha e dou por mim a recordar muitos dos momentos que passámos ao lado dela, ela aparece, ao meu lado, a sorrir-me e a dar-me forças para continuar. A mãe não sabe, não acreditaria mesmo que lhe contasse. Nem eu acredito naquilo que vejo. Eu sei que são meras ilusões da minha cabeça, de forma a compensar a ausência que ela deixou em todos nós. Mas é que por vezes parece… Parece tão real, entendes? Ela está ali, eu sei que está. Ela nunca nos deixou de verdade. Onde quer que a avó esteja, está a olhar por nós, a proteger-nos de tudo o resto. Também acontece o mesmo contigo? Quero dizer, de alguma forma, também sentes a presença dela?

Todas as semanas vou à campa da avó colocar flores novas – orquídeas, iguais às que ela tinha no seu jardim. Aquele que morreu com ela. Eu e a mãe temos tentado. Sempre que podemos, vamos a casa da avó e tratamos do jardim dela. A tarefa, no entanto, não é tão simples quanto parece. Não está lá a avó, e não sendo a avó, nada é igual. Ela tratava do jardim com tanto amor, porque tudo aquilo era fruto do trabalho dela. O carinho com que semeava as flores era o mesmo que mais tarde colhia ao vê-las brotar. E, agora, é como se também o jardim estivesse de luto pela morte dela. Mas nós vamos tentar, prometo que sim, mal regresses a casa vamos as três tentar fazer com que o jardim da avó continue alegre e cheio de vida.

Sorri, Ana. A avó queria que todos nós sorríssemos. Sê feliz e aproveita a vida da melhor forma possível. E vai dando notícias também! Todos temos imensas saudades tuas.

Da tua irmã que te adora,



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