segunda-feira, 15 de dezembro de 2014


  Hoje recordo com saudade o tempo em que ainda podia abraçar a pessoa que mais me dedicou a sua vida, a minha avó Lorena. Aquela que me acolheu durante anos, que me criou como uma filha, que me deu todo amor que precisei em todos estes anos. 
  Quando tinha seis anos a minha querida avó ia todos os dias buscar-me à escola. Pelo caminho contava-lhe como tinha sido o meu dia. Sempre com novas aventuras, amizades, aprendizagens, anedotas e afins. E ela ouvia atentamente, sempre serena e com um sorriso calorento e sincero. 


  Em casa ficávamos horas e horas a conversar. Então ela contava-me montes de histórias, que também repetia imensas vezes embora eu não me cansasse de as ouvir. Desde segredos familiares e amores proibidos a histórias dos tempos em que era enfermeira e costureira. 
  Contou-me da fome que passou, dos pecados que cometeu, do sofrimento, da alegria, das freiras que a criaram. Sei que em nova era morena, tinha um cabelo enorme e fortíssimo que prendia todos os dias fazendo uma linda trança, tinha olhos pequenos e escuros, tinha um belo e contagiante sorriso. Sempre baixinha mas com as curvas no sítio certo. E era nestes momentos que eu viajava para outro universo e imaginava tudo ao pormenor. 

  Fez-me sonhar, acreditar, lutar, agir, amar, rir, dar, sorrir, crescer. Foi o meu maior apoio durante a infância e alguns anos da minha adolescência. Sem dúvida que foi a pessoa que mais acreditou e mais puxou por mim, e se hoje sou quem sou só o tenho a agradecer a ela. 

  Este ano acabei o décimo segundo com média de dezoito e sei que se ela estivesse aqui estaria orgulhosa. Vou seguir enfermagem, na tentativa de fazer coisas tão maravilhosas como ela fez no seu tempo.
  A avó Lorena será sempre a minha inspiração. Guardo muito amor e respeito da sua grande pessoa. Uma pessoa bondosa, humilde, inocente, determinada, justa, preocupada, calma, educada, sensível, serena, sociável, inteligente, paciente, dedicada, independente, religiosa, corajosa, organizada, trabalhadora, teimosa e um pouco ciumenta. 
  Sei que a esta hora está no melhor lugar e que se eu tiver a sorte de ir para lá também irá, sem sombra de dúvidas, ser um reencontro indescritível. Tenho tanta coisa para contar, como na nossa a antiga rotina. 
  E perante tanta nostalgia uma lágrima cai. 

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