terça-feira, 7 de abril de 2015

Crítica ao filme Insurgente


            Inspirado no best-seller mundial “Insurgent” de Veronica Roth (segundo livro na coleção Divergent), o filme Insurgent dirigido por Robert Schwentke e interpretado por Shailene Woodley (Tris), Theo James (Four), Ansel Elgort (Caleb), Miles Teller (Peter), Kate Winslet (Jeanine), entre outros.
            O filme estreou nas salas de cinema portuguesas no passado dia 19 de março, foi um êxito de bilheteira, mas não poderá ser considerado uma obra-prima da sétima arte.
            O filme retrata Chicago, num futuro distante, em que a sociedade é dividida em cinco fações distintas. A cada uma das fações corresponde uma virtude que exerce a sua função específica na comunidade. Aos 16 anos de idade, cada indivíduo é submetido a um teste de aptidão e tem de escolher qual o grupo a que se unirá para o resto da vida. Beatrice Prior (Tris), a personagem principal, é uma jovem que, durante o seu teste, descobre que é uma "divergente", alguém cuja vocação não se restringe a apenas uma virtude/fação. Depois de conseguir escapar e salvar a sua própria vida, ela está determinada a enfrentar o sistema e fazer do mundo onde vive um lugar onde a liberdade individual não seja constantemente posta em causa.   
            É importante salientar que quando se refere que este filme é inspirado no livro,  “inspirado” é apenas o que este filme é. No livro, toda a história se desenrola em torno do estado de espírito de Tris, que sofre de stress pós-traumático e dos seus conflitos emocionais, o que não é retratado no filme (apenas uma pequena referência a uns pesadelos, que não são especificados, no início). Este stress pós-traumático faz com que Tris não consiga pegar numa arma ao longo de toda a história, e apenas no final do livro acaba por conseguir fazê-lo. Este desbloqueio dos seus traumas e de toda a carga emocional a eles ligada, é bastante explorada no livro, enquanto logo nos primeiros minutos do filme ela se encontra com uma arma a disparar, o que contradiz todo o espírito do livro.
            Um outro aspeto que contraria, no filme, a complexidade relação do casal, tem a ver com o facto de Tris e Four não terem uma relação “perfeita”, existindo uma série de conflitos emocionais entre os dois. No filme a sua relação não passa de uma sucessão de clichés, existindo uma falsa, constante e irreal harmonia entre os dois.
            A personagem principal é apresentada no livro com uma grande profundidade emocional, segurança, autoestima e independência. No entanto, no filme a sua personalidade desvanece-se na relação com o seu namorado e é retratada com alguém bem mais frágil e dependente.
            É de salientar ainda que no filme existe uma supressão de personagens que se tornam bastante importantes no desenrolar da história e que foi caricata a escolha de uma atriz que retrata a mãe de Four e que terá na realidade a mesma idade do ator que desempenha o papel de seu filho. Este facto foi muito criticado pelos espetadores do filme, que ficaram muito confusos com esta escolha, pois inicialmente consideraram que se pudesse tratar de um triângulo amoroso e só com o desenrolar do filme entenderam que esta personagem seria a mãe.
            Existe ainda uma contradição relativamente ao público-alvo do livro e do filme, notando-se que o filme terá sido produzido para um público adolescente, enquanto o livro não terá propriamente um público-alvo específico e limitado.
            O filme dececionou milhões de fãs da trilogia literária e até aos do filme que lhe antecedeu e que dizia respeito ao primeiro volume da coleção. Será possível responsabilizar a mudança de diretor, os maus efeitos CGI, o uso exagerado de tecnologias desajustadas à própria história, a fraca ou inexistente banda sonora, a exagerada utilização de ecrã verde sem qualquer utilização de filmagens na cidade em que se desenrola a história.
            O que poderá salvar o filme, será a excelente representação dos atores, apesar do fraco guião e desajustada direção.  

            A dúvida final que nos apresenta este filme é da sua própria categorização: estaremos perante um filme de ação e ficção científica ou uma fraca comédia romântica dirigida a adolescentes no pico da puberdade?
            P.S. este texto era suposto ter sido publicado a 20/3 mas devido à falta  de acesso à Internet no local onde me encontrava nas férias não foi possível colocar o texto no seu dia específico

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